A exposição “Linhas, Trançados e Cores: no Reino de Gilvan Samico” está em exibição na Caixa Cultural, de 19 de março a 11 de maio. O mestre da xilogravura, falecido recentemente, tem sua carreira homenageada na mostra que apresenta suas obras, elaboradas e criadas meticulosamente a partir de diversos esboços.
A Caça. Estudo e impressão final.
O rico imaginário do artista se enaltece em obras executadas com simplicidade e rigor, dedicação e ausência de pressa. Nos últimos anos, Samico produzia apenas uma gravura por ano, sempre com muita pesquisa advinda de esboços e estudos a lápis grafiti, matrizes únicas para experimentar a criação.
Sua estética se afinou com da cultura regional nordestina nos anos 1970. No lugar do expressionismo passou a figurar a visualidade tropical ligada ao cordel, repleta de elementos do cotidiano, narrativas locais, lendas, animais fantásticos, símbolos religiosos e personagens bíblicos. Sua obra recriou alegorias cujos motes são a fantasia e o romanceiro popular nordestino. “Eu vivia numa época de espaços abertos, habitados por bichos, muitas árvores… Convivia com esses espaços e com cabras, bois, cavalos, passarinhos, cobras, sapos… Tudo isso passou a ser minha referência”, comentou Samico em conversa com a curadora da exposição, Renata Pimentel.
“Do meu olhar de leitora de Samico, que cresceu testemunhando a criação do universo dele, acompanhando o processo, vendo ano a ano surgirem suas novas estórias em desenho, madeira, tinta e o finíssimo papel de arroz”, diz Renata. E também a precisão de detalhes: “Conhecendo o Samico perfeccionista, que no processo de se tornar amante íntimo dos materiais que elegia para trabalhar (todos eles, não só a madeira), ia criando vidas”, completa a curadora, norteada pelo afeto.
“No último lindo encontro que tive com Samico, pouco antes de ele ser internado pela última vez, perguntei se ele ficava satisfeito com esta exposição vir a acontecer, se ele confiava que eu a idealizasse… Disse-lhe que se ele não quisesse, eu não faria… Magro, debilitado, ele me deu bênção; também me falou de o quanto era ainda cheio por dentro, o quanto ainda havia tanta coisa dentro dele. Mesmo após a sua viagem (em sua “Ascensão” de poeta, louco e artista para o “reino do vai-não-volta”?), em 25 de novembro de 2013, Samico segue em mim e em todos que conhecem sua obra, porque por ela e nela se encantam e se deixam povoar. Samico é muito maior que qualquer técnica, qualquer suporte em que tenha criado; imortalizou a si mesmo nas narrativas que deixou em seu poético reino de linhas, trançados e cores”, relembra, emocionada, Renata Pimentel.
Serviço: Linhas, Trançados e Cores: no Reino de Gilvan Samico
Local: Caixa Cultural Brasília – Galerias Piccola I e II (SBS Qd. 4 Lote 3/4, Ed. Anexo à Matriz da Caixa)
Visitação: De 19 de março a 11 de maio. De terça a domingo, das 9 às 21 horas
Entrada franca
Classificação livre para todos os públicos
Informações 61 3206.9448 ou 9449
caixacultural.df@caixa.gov.br
www.caixa.gov.br/caixacultural
Ascenção. Divulgação.
