
Sem autorização, licença ou alvará, prefeitura do Conic abre cratera com britadeira na praça pública em frente ao Teatro Dulcina. A Sala Conchita de Moraes, patrimônio público tombado pela Secretaria de Cultura do DF foi afetada pela ação.
Foi assustadora a truculência empregada pela obra que acontece dentro do Setor de Diversões Sul nesta na terça à noite (19 de junho). Enquanto as aulas da Faculdade Dulcina de Moraes eram realizadas, na galeria de arte do térreo, cerca de 50 agentes de cultura de todo o DF estavam em assembleia para debater o futuro das politicas públicas do setor.
O barulho da britadeira estava mais alto que o normal, a ponto de incomodar. Ao sair e dar a volta no prédio para acessar a praça interna do Conic, em frente ao Teatro Dulcina, encontravam-se dois funcionários da obra ao lado quebrando a laje da praça, que fica em cima do Teatro Conchita, patrimônio tombado pela Secult-DF.
Os agentes de cultura ligaram imediatamente para a engenheira responsável pela obra. É importante ressaltar, que os prédios onde são realizadas as obras são três edificações na área interna do Conic, que pertenciam a Terracap e foram compradas por particular em 2017. Há cerca de um mês, o espaço foi cercado para realização de obra nas partes internas. No entanto, os funcionários quebraram um espaço fora da área delimitada pela cerca da obra.
Ao telefone, a engenheira disse que tinha emprestado dois funcionários para a prefeitura do Conic. E que estariam abrindo buraco na praça sob o comando da Sra. Flavia Portela, síndica do Edifício Boulevard.
Os presentes questionaram que a obra afetaria as atividades do Teatro Dulcina, eventos na praça e as lojas ao redor. Os agentes culturais disseram ainda que a praça era pública e que havia a existência de um teatro tombado pelo poder público logo ali embaixo. Que qualquer obra ali precisaria de autorização da Secretaria de Cultura do DF, CREA, Agefis e Administração de Brasília, além claro, da anuência dos lojistas e da Fundação Brasileira de Teatro (FBT).
Tudo foi devidamente fotografado até que a polícia chegou ao local. O policial solicitou que as partes fossem registrar queixa na 5ª DP e na Agefis. Solicitaram também aos funcionários da obra a autorização para realização de obra em via pública, que não foi apresentado.
Cabe agora identificar os responsáveis. O teto do Teatro Conchita de Moraes, bem histórico e tombado pelo Distrito Federal que fica no subsolo do Conic foi comprometido pela inconsequência da ação.
O Conic enfrenta atualmente um grande impasse. A senhora Flavia Portela, síndica do Edifício Boulevard é também presidente da associação de síndicos que representa alguns prédios no local, mas não todos. É presidente do Conseg Centro, órgão vinculado à Secretaria de Segurança Pública, que formula as diretrizes das forças policiais e de fiscalização no Centro de Brasília.
Desde 2015 quando assumiu, instalou quiosques em área pública e sem alvará ao redor do edifício o qual é síndica. Perseguiu por meio do órgão, conforme consta em ata, os movimentos culturais que são realizados nas áreas comuns da Fundação Brasileira de Teatro.
Por fim, neste triste episódio de terça-feira, sem quaisquer autorizações, danificou a praça interna do Conic, prejudicou a agenda das peças de teatro, diversos eventos marcados para o local e o funcionamento das lojas que funcionam ali.
O Governo do Distrito Federal precisa intervir e dar explicações à sociedade. Um bom começo seria afastar a síndica da presidência do Conselho Comunitário de Segurança do Centro.