Ao criar o Núcleo de Pesquisa Resta Pouco a Dizer, os diretores Adriano e Fernando Guimarães investigam o Teatro Visual como um dos precursores do teatro contemporâneo onde os elementos da cena, como cenários, cores, corpos, figurinos, gestos, iluminação, objetos e sons se hibridizam e fazem do texto um elemento complementar à encenação, todos unidos em um conjunto sinestésico. Perfeito para o universo de Samuel Beckett e suas obras sensoriais e multifacetadas onde os personagens protagonizam ao lado de diversos elementos em uníssono completo.
O Núcleo de Pesquisa Resta Pouco busca novos olhares e fazeres da cena ao fundir estas características em performances ousadas como Respiração Embolada, Respiração Mais e Respiração Menos, onde sobrepõem composições sonoras, dramaturgias visuais, intérpretes em situação de risco e desconstruções.
O projeto promove intercâmbio com a companhia mineira de marionetes Pigmalião Escultura que Mexe, sediada em Belo Horizonte. O grupo apresentará Bira e Bedé, livre-adaptação lúdica de Esperando Godot com o uso de marionetes, ministrará a oficina A Composição da Marionete e a Construção do Movimento; e participará de um diálogo com a platéia sobre A Visualidade no Teatro de Marionetes.
A ocupação da Funarte pelo projeto foi contemplada junto à edital com apoio do Centro Cultural Banco do Brasil e prevê espetáculos, oficinas, palestras e performances em dois meses de atuação.
O primeiro espetáculo, Balanço, com Vera Holtz, será apresentado no dia 28 de janeiro (sexta) às 20 horas, com texto de Samuel Beckett e direção de Adriano e Fernando Guimarães. Na mesma noite, o professor Fábio de Souza Andrade (USP), tradutor de Samuel Beckett no Brasil, conversa com o público, a partir das 20:30, sobre O Conto’ cada vez pior: ‘o mail visto, mal dito’ na obra beckttiana.
Confira a programação completa:
Espetáculos e Performances:
28 de janeiro (sexta) às 20 horas – Balanço – Direção de Adriano e Fernando Guimarães. Com Vera Holtz.
Desceu tudo para a velha cadeira de balanço, balanço mãe, onde a mãe balançava todos os anos, toda de preto…
29 de janeiro (sábado) às 20 horas – Respiração Menos – Performance de Adriano e Fernando Guimarães com Bruno Torres, Leandro Menezes e Diego de León.
30 de janeiro (domingo) às 20 horas – Ir e Vir – Direção de Adriano e Fernando Guimarães com Camila Evangelista, Michelly Scanzi, Tati Ramos e Valéria Rocha.
Podemos não falar dos velhos tempos e do que aconteceu depois?
31 de janeiro (seguda) às 20 horas – Respiração Mais com Bruno Torres, Diego de León, Leandro Menezes, Mateus Ferrari.
12 e 13, 18 e 19, 26 e 27 de fevereiro às 21 horas – Resta pouco a dizer (“Respiração Mais”, “Catástrofe”, “Ato sem Palavras II”, “Jogo”, “Respiração I e II”, “Respiração Embolada”) – Ingressos a R$ 10,00 e R$ 5,00
Respiração I e II e Respiração Embolada – Performances de Adriano e Fernando Guimarães com Bruno Torres, Camila Evangelista, Diego de León, Kaká Taciano, Leandro Menezes, Mateus Ferrari, Michelly Scanzi, Otávio Salas, Tati Ramos,Valéria Rocha.
Ato sem palavras II, de Samuel Beckett – Direção de Adriano e Fernando Guimarães com Bruno Torres, Leandro Menezes e Mateus Ferrari.
Jogo, de Samuel Beckett – Direção de Adriano e Fernando Guimarães com Camila Evangelista, Diego de León e Michelly Scanzi.
12 e 13 de março, às 16 e 19 horas – Bira e Bedé – Livre-adaptação de Esperando Godot, de Samuel Beckett – Direção de Eduardo Félix com Daniela Papini, Eduardo Felix, Gilberto Alves, Huberth Allan, Igor Godinho, Mariliz Schrickte e Taís Scaff.
Diálogos – sempre às 20:30:
28 de janeiro (sexta): “’O Conto’ cada vez pior: o ‘mal visto, mal dito’ na cena beckettiana” com Fábio de Souza Andrade (USP-SP).
A obra final beckettiana promove uma confusão voluntária entre a página e o palco. Tanto Companhia e Mal visto, mal dito podem ser lidos como narrativas do drama da criação, enquanto Passadas e Improviso de Ohio se deixam encenar como miniaturas dramáticas narrativas. A complexidade e importância de Beckett como inventor de formas no teatro e na ficção devem muito a este embaralhamento de gêneros e convenções que, no drama, como na prosa final, se potencializa ao limite.
29 de janeiro (sábado): “A Encenação Performativa” com Antônio Araújo (USP-SP).
A relação entre encenação e performance na cena contemporânea, por meio de elementos como a autobiografia do encenador, a “site especificidade”, a recusa da unidade e da homogeneidade, o hibridismo e o estatuto do inacabamento e do work in progress, além da noção de encenação-em-processo e do dispositivo da colaboratividade na construção do discurso/forma da encenação.
30 de janeiro (domingo): “Territórios em Trânsito” com Lílian Amaral (USP-SP).
A Interterritorialidade funda-se na concepção ampliada da Arte como Experiência. No trânsito pelas diferenças entre visualidade e visibilidade, passa-se do espaço ao lugar, opera-se uma distinção entre visualidade e visibilidade, entre recepção e percepção, entre comunicação e informação. Em todas essas diferenças se produzem metamorfoses do olhar.
31 de janeiro (segunda): “Suspensões, intervalos: os contornos de um diálogo contínuo”
Algumas anotações sobre o trabalho desenvolvido por Adriano e Fernando Guimarães em torno da obra de Samuel Beckett do ponto de vista da opção estética assumida nas performances e na cenografia das peças, a partir de um elemento recorrente – a caixa-cubo, em suas diversas configurações. Uma visão do objeto como pontuação – suspensão, intervalo – trazida do universo beckettiano e introduzida na poética dos dois artistas.
18 de março (sexta): A Construção do Movimento no Teatro de Marionetes”, com Eduardo Felix (Pigmalião Escultura que Mexe-MG).
O teatro de bonecos serve-se de todas as artes em sua complexa construção. A marionete entrega-se ao seu papel de forma integral e inabalável, com múltiplas possibilidades cênicas, plásticas, literárias e filosóficas. Por percorrer todos esses territórios, torna-se então um campo fértil para trans-criações e transposições de linguagens, oferecendo possibilidades ilimitadas à cena contemporânea.
Oficinas:
1º de fevereiro a 3 de março – “Sujeito Menos: o intérprete na cena beckettiana” – terças e quintas-feiras, das 14:30 às 17:30.
Panorama das transformações no palco ao longo do século XX. Os desafios do ator frente às novas dramaturgias cênicas. O ator-performer. Corpo e voz na cena beckettiana.
Ministrante: Adriano Guimarães, Camila Evangelista, Diego de Leon, Michelly Scanzi e Valéria Rocha.
Convidada: Sheila Campos.
Número de vagas: 10 participantes.
Carga horária: 30 horas/aula.
02 de fevereiro a 2 de março – “A Palavra e a Imagem: Análise e Leitura de Esperando Godot – segundas, quartas e sextas-feiras, das 14:30 a 17:30.
Panorama das transformações no palco ao longo do século XX. A nova escritura cênica. A ruptura empreendida por Esperando Godot. Leitura Dramática da obra.
Ministrante: Fernando Guimarães.
Convidada: Sheila Campos.
Numero de vagas: 10 participantes e 05 ouvintes.
Carga horária: 40 horas/aula.
10 a 17 de março – “A Composição da Marionete e a Construção do Movimento” – quinta e sexta, e de segunda a quinta-feira, 14h às 19h
Os procedimentos necessários à construção de uma marionete de fios e os princípios de manipulação. Cada participante construirá uma marionete.
Ministrante: Eduardo Felix
Numero de vagas: 10 participantes.
Carga horária: 30 horas/aula.
Inscrições e informações: teatrovisual@gmail.com mediante envio de currículo artístico.
Serviço: Teatro Visual: O Que Ainda Não Tínhamos Visto?
Data: 28 de janeiro a 18 de março de 2011
Local: Teatro Funarte Plínio Marcos (Eixo Monumental Setor de Divulgação Cultural – Lote II – entre a Torre de TV e o Clube do Choro)
Ingressos somente na Funarte
Informações: teatrovisualocupacaofunarte.wordpress.com
Classificação Indicativa: 12 anos