Renato Acha
O Beijódromo (Memorial Darcy Ribeiro) será inaugurado na próxima segunda (6 de dezembro) pelo presidente Lula que estará acompanhado por José Mujica (Presidente do Uruguai).
Localizado logo abaixo da Ala Sul do Campus, o novo prédio promete se tornar um centro de convivência para os alunos da instituição. Projetado por João Figueiras Lima, mais conhecido como Lelé, o anfiteatro em forma de disco voador, tem a capacidade de duzentos lugares destinados à realização de atividades acadêmicas e culturais, como festas. A escolha de Lelé, em detrimento de Niemeyer aconteceu por conta da maior abertura para sugestões advindas de Darcy Ribeiro.
Lelé é conhecido por erguer toda a quadra 108 sul e a Rede Sarah de hospitais, trabalhou na UnB de 1962 a 1965, e tem grande influência de Oscar Niemeyer. Ele foi responsável pela vinda da tecnologia do concreto e da argamassa armada para Brasília. No Beijódromo aplica o uso do aço naval. “A sua característica marcante: uma grande cobertura com 34m de diâmetro e com um círculo central de 12m vazado, revestido de policarbonato transparente com lâminas externas de fibra de vidro, que evitam a transferência de calor para o interior”, descreve Lelé.
“Acrescentamos uma cobertura ao anfiteatro. Decidimos também expandir as atividades. Vamos ter salas de aula, biblioteca, cabines de pesquisa, cafeteria, livraria e cineclube” – afirma Paulo Ribeiro, sobrinho de Darcy e presidente da fundação.
O espaço tem capacidade para abrigar cerca de 30 mil livros, entre eles as 165 publicações de Darcy Ribeiro, além de vídeos, amostras de trabalhos de campo feitos pelo estudioso e obras de arte.
“É como uma volta para casa. Darcy considerava a UnB sua obra mais importante, o projeto mais transformador”, explicou Paulo. “Esse espaço é muito mais que um museu, é um centro cultural ativo. Com o conteúdo do acervo, vamos lançar 20 livros inéditos. O acervo não estará estático”.
O investimento foi de cerca deR$ 7,2 milhões, subsidiados pelo Fundo Nacional de Cultura (FNC), do MinC.
Darcy Ribeiro descreveu o espaço de forma poética: “Ainda melhor que isso é o prédio que o Lelé projetou pra mim. Será um disco voador enorme, pousado no pedaço mais bonito do câmpus da UnB. Com medo de minha Fundar parecer vetusta demais, consegui do Lelé fazer dela um Beijódromo, que corresponderá, em Brasília, ao Sambódromo que criei no Rio. Trata-se de um amplo palco ao ar livre para serestas e leitura de teatro e poesia, defronte de uma arquibancada para duzentos olharem a lua cheia e se acariciarem. Eu, lá de longe, estarei vendo, feliz”.