Brasília recebe palestras de autor do guia nutricional com pratos de baixo custo e altamente nutritivos.

Plantas Alimenticias Nao Convencionais no Brasil
Valdely Ferreira Kinupp, nascido e criado na zona rural de Nova Friburgo (RJ), teve no conhecimento passado por seu pai a grande inspiração para seus principais projetos de vida e de profissão. “Ele tinha extenso conhecimento sobre as plantas que nasciam espontaneamente na propriedade em que morávamos e quais poderiam servir de alimento aos animais”, recorda. Sabedoria de infância que o estimulou a relacionar plantas à suas funções alimentares e o motivou a publicar um livro sobre o assunto. Publicação, fruto de uma extensa e detalhada pesquisa de 10 anos, que veio a se tornar um best seller sobre o assunto.

O tema explorado no livro de Valdely permeia o não convencional e trata do uso de plantas tidas como selvagens, mato, ervas-daninhas, para refeições do dia-a-dia. O interessante é que “muitas delas podem ser encontradas em praças, canteiros, hortas e jardins de todo Brasil”, diz o autor. Essas “Plantas de Crescimento Espontâneo” estão por todo lado, porém, “nem todas que crescem sem a necessidade de manejo são comestíveis”, alerta. Para facilitar o estudo e conhecimento destas plantas ele criou o termo PANC – Plantas Alimentícias não Convencionais, na intenção de melhor determinar e qualificar quais são comestíveis.

Para Valdely, trabalhar com as PANC é questionar todo o formato atual de agricultura. “Limpar e esterilizar o solo é visto por muitos como o ideal para o plantio e para o aumento da produtividade, porém, existem estudos que provam o contrário, neste sentido, deixar o solo coberto com vegetação nativa seria o mais recomendável”, comenta.

O trabalho desenvolvido por Valdely tem como um de seus objetivos, inclusive, alertar consumidores para o que ele chama de Transtorno de Déficit de Natureza, ou TDN, uma terminologia que definiria o estado “urbanoide” do homem contemporâneo. “O homem precisa da zona rural para se alimentar, mas tem total desconhecimento do meio natural”, lamenta. Segundo Valdely, a desconexão com a natureza nos faz vítimas de escolhas equivocadas e ele sugere que “devemos olhar as plantas com outros olhos e outras bocas”.

Em Brasília, moradores vêm cultivando verduras e legumes em hortas urbanas coletivas, além do próprio paisagismo urbano que privilegia árvores frutíferas em alguns pontos da cidade. Os benefícios dessas hortas comunitárias vão além do abastecer das cozinhas com seus ingredientes, elas aquecem as relações entre os moradores, que se estreitam, e melhora a qualidade de vida de todos os envolvidos por consumirem alimentos de qualidade. As PANC podem contribuir de forma marcante nesta dinâmica, pois são perenes, mais resistentes a pragas e requer pouca irrigação.

Partes de certas plantas, já bastante conhecidas, inclusive, podem ser consideradas PANC, como o tronco da bandeira, do qual se pode produzir sal, do caule do mamoeiro se faz doce, saladas de raízes de hortaliças ou até mesmo conservas dos brotos do pinheiro. “Plantas exploradas comercialmente, mas que algumas de suas partes são jogas fora pelos agricultores por total desconhecimento e que, muitas vezes, têm valor nutricional maior que o da própria planta”, garante Valdely. O livro traz 1053 receitas práticas, que utiliza as 351 espécies de plantas apresentas.

Algumas PANC nacionais poderiam entrar no cardápio nacional, deixando de lado plantas importadas e caras como é o caso da Pixuri (Licaria puchury-major (Mart.) Kosterm.) em lugar da noz moscada, da Tonka (Dipteryz odorata), em substituição da baunilha importada. Estes são apenas alguns exemplos de plantas brasileiras que são subaproveitas. “Temos substitutos mais ecológicos, sustentáveis e mais baratos para muitas plantas importantes, apenas não fazemos isso por uma questão de falta de conhecimento”, comenta o pesquisador.

Currículo:
Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas, Campus Manaus-Zona Leste (IFAM-CMZL) e Fundador-Curador do Herbário EAFM deste instituto.
Docente e orientador credenciado no Programa de Pós-Graduação em Botânica do INPA. Atua na pesquisa e divulgação das PANC – Plantas Alimentícias Não Convencionais.
Tem experiência na área de Botânica, com ênfase em Botânica Econômica, Taxonomia de Fanerógamas, Etnobotânica, Herbário e Biodiversidade, atuando principalmente nos seguintes temas: alimentos vegetais não convencionais, recursos genéticos vegetais, segurança alimentar, florística, olericultura (hortaliças não convencionais) e agroecologia.
Doutor em Fitotecnia-Horticultura (2007) pelo PPG Fitotecnia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS.
Mestre em Ciências Biológicas (Botânica) pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA (2002).
Graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Londrina – UEL (2000).
Autor do livro Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil em coautoria do Harri Lorenzi (Editora Plantarum, 2014).

Serviço:
Dia 05/11: Palestra na Receita Federal.
Dia 06/11: Palestra no Ministério da Agricultura.
Dia 06/11: Mesa redonda com professores da UNB.

Dia 07/11: Palestra aberta ao público no Viveiro Aroeira. Programação: Palestra sobre as PANC, das 9h às 11h; Lanche de comida viva, às 11h; Reconhecimento das PANC (Plantas Alimentícias não Convencionais), nos viveiros do Polo Verde, às 11h30; Almoço Vegano com receitas PANC elaborado pela empresa Papa Green Delivery, às 12h30. Investimento: R$ 250,00. Endereço: SHIN AE 3M, Viveiro 2, Lago Norte. Polo Verde. Matrícula: adm_viveiroaroeira@yahoo.com.br. Informações: (61) 8373.9596 ou 9866.9993 ou 3468.4100.