Mostra retrata uma das primeiras invasões de sem teto no Chile.

De 2 a 31 de março.

Lincoyan Parada. Divulgação.
Lincoyan Parada. Divulgação.

O Museu Nacional recebe uma exposição com cem fotografias retiradas da comunidade intitulada A Vitória, do Coletivo Salto, fundado em 2007 e constituído com a primeira letra dos nomes dos artistas: Samuel Shats, Arthur Conning, Lincoyan Parada, Teodoro Schmidt, Oliver Hartley. Todos os artistas são chilenos, com exceção de Arthur Conning que é norte-americano e tem residência permanente em Santiago do Chile.

A história do coletivo se entrelaça com a história de um grupo humano, protagonista de uma das primeiras invasões de sem teto, no Chile, e que é hoje o bairro “A Vitória”. Lincoyán Parada foi um ex morador dessa comunidade. Ele estava com dez anos quando, junto com sua mãe e cerca de 1.200 famílias de sem teto, provenientes do chamado “Cordón de la Miseria”i, foco de incêndios, sentiram a imperiosa necessidade de encontrarem outro lugar para viver. Essas famílias invadiram em 1957, o espaço centro-sul, da cidade de Santiago, para ali se instalarem após o descrédito das inúmeras promessas de solução por parte do governo de Carlos Ibañez Del Campo (1952-1958). Elas lotearam os terrenos, definiram os espaços públicos e os construíram; conformaram comitês de vigilância, encarregados de controlar a delinquência e dar segurança à população; criaram também um jornal interno, chamado a “La voz de La Victória”.

Samuel Shats.
Samuel Shats.

Hoje, a comunidade, fundada pela ação conjunta dos sem teto, é assentada em um bairro com cem quadras aproximadamente, no centro-sul da cidade de Santiago do Chile, na comuna de Pedro Aguirre Cerda e guarda sua história, pintada em seus muros que avivam a força da memória coletiva, nas ruas. Hoje, “A Vitória” se auto gestiona e conta com experiências enriquecedoras como a “Señal 3”, um canal de televisão; a rádio “1° de Mayo”, clubes esportivos, centros culturais, os muralistas “Acción Rebelde”, e um grupo de “Identidad y Memoria Popular”, que retransmitem e preservam a memória e identidade do lugar. A comundade foi foco de oposição da ditadura de Augusto Pinochet – de 1973 a 1990 – alojando grupos de esquerda política em Santiago. Foi ainda epicentro de numerosas invasões de terrenos, protestos e incidentes com a polícia.

Todos os artistas são membros do FotoCineClub do Chile, trabalharam com fotografias digitais coloridas, com exceção de Oliver Harthey. Todos focaram a vida das ruas com suas conversações, trabalho, diversão, descanso, e até mesmo em crianças levantando suas pipas. Ao final de 2010, os artistas expuseram “La Victoria de Todos” (LaVdeT) no Museo Nacional de Bellas Artes de Chile (MNBA). A exposição ganhou o “Premio Ciudad 2010” da Fundación Futuro de Chile e foi convidada para o Festival Bienal de la Luz (2012), na Argentina.

Com vários prêmios e exposições, o Coletivo Salto busca promover seu internacionalizar “La Victoria de Todos” e assegurar sua permanecia histórica.

Teodoro Schmidt.
Teodoro Schmidt.

Serviço: Mostra “A Vitória”, do Coletivo Salto
Visitação: De 2 a 31 de março
De terça a domingo das 9:00 às 18:30
Local: Museu Nacional do Conjunto Cultural da República
Entrada Franca.