O espetáculo “Nara” homenageia um ícone da MPB no CCBB.

Foto: Lenise Pinheiro. Divulgação.

Renato Acha

Nara Leão sempre foi uma figura icônica da música brasileira, ainda mais quando se fala do auge da bossa nova, que teve em Nara sua musa mais popular. Uma justa homenagem se faz presente no espetáculo Nara, em cartaz no CCBB até o dia 30 de outubro.

A montagem já teve uma trajetória de sucesso em São Paulo e Rio de Janeiro. Foi indicada aos prêmios Shell, APCA e Contigo! como Melhor Musical Nacional. Agora é a vez da capital prestigiar o musical  estrelado pela atriz Fernanda Couto, com uma seleção de músicas que ilustram mais de 25 anos de carreira, sob direção e dramaturgia de Márcio Araújo,direção musical de Pedro Paulo Bogossian, cenografia de Valdy Lopes e figurinos de Cássio Brasil.

“É um musical de câmara, genuinamente brasileiro, que não busca referências na Broadway, e sim encontra nosso próprio caminho; mostra a relevância de uma música que nasceu aqui e ganhou o mundo: a bossa nova”, afirma o diretor Márcio Araújo.

Em cena estão Fernanda Couto, Rodrigo Sanches, William Guedes e Guilherme Terra. A trajetória da cantora é trazida à tona com elegância e leveza. Um aspecto importante é o engajamento político e artístico, o que demonstra o seu poder de influência na carreira de nomes como Chico Buarque, Maria Bethânia, Fagner entre outros artistas consagrados hoje em dia.

O coração de Nara não batia somente para a bossa nova, pois ela se abriupara o Tropicalismo, gravou sambas do morro, Roberto & Erasmo e até versões de clássicos americanos, até sua morte precoce, aos 47 anos, em junho de 1989.

“É um musical de câmara, genuinamente brasileiro, que não busca referências na Broadway, e sim encontra nosso próprio caminho; mostra a relevância de uma música que nasceu aqui e ganhou o mundo: a bossa nova”, afirma o diretor Márcio Araújo.

A atriz Fernanda Couto fez um trabalho de pesquisa durante quatro ano e foge da caricatura ao buscar a essência da artista. “Identifico-me com seu canto. Apesar das diferenças físicas, há um sentido na música de Nara que me deixa muito próxima dela”, afirma Fernanda. No espetáculo ela tem a companhia de três músicos, também cantores e atores, e representa os principais acontecimentos da vida da cantora, como o mítico show “Opinião”, o período da repressão, o autoexílio e o sucesso mundial.

Segundo o diretor, Nara é uma respeitosa homenagem a esta artista da maior importância para a música brasileira, que tanto ensinou com suas posturas perante o sucesso, os amigos e a luta pela vida.

A montagem é dividida em momentos que sintetizam e pontuam as fases mais representativas da trajetória musical da artista. Textos sobre Nara Leão e depoimentos concedidos por ela à imprensa costuram, de forma sutil e delicada, o caminho que a cantora percorreu na história da música popular brasileira. O foco da peça está em sua vida profissional e nas canções que interpretou: escolhas certeiras que refletiram na história da música brasileira.

“Quando comecei a seleção musical, dividi a carreira dela em fases. Selecionei muitas músicas de cada fase. Daí começou uma etapa bem difícil: fazer escolhas. Foi complicado porque tinha muita coisa boa, muitos compositores que gostaríamos de citar. Na medida em que o texto foi sendo elaborado, em parceira com o diretor Márcio Araújo, algumas escolhas ficaram facilitadas pelo contexto em que as músicas eram inseridas. Com certeza muita coisa ficou de fora, mas fizemos belas e acertadas escolhas”, diz Fernanda.

O enredo de Nara relembra cerca de 20 canções inesquecíveis, imortalizadas pela musa: “Diz que fui por aí” (Zé Kéti e H. Rocha), “Opinião” (Zé Kéti), “Insensatez” (Jobim & Vinícius), “A banda” e “Com açúcar, com afeto” (Chico Buarque) e “João e Maria” (Chico Buarque e Sivuca), entre outras.

Fernanda Couto conta que, em 2007, iniciou uma pesquisa de repertório de músicas da MPB sem grandes pretensões. A figura de Nara apareceu nesse processo e, depois de ler tudo que achou sobre a renomada cantora, encantou-se e redescobriu Nara Leão: a artista e a personalidade brasileira. Elaborou, então, um roteiro para o espetáculo e convidou Márcio Araújo para dirigir e ajudar na dramaturgia. “Não queria nada muito didático”, diz a atriz. “E Pedro Paulo Bogossian, nosso diretor musical, é muito sensível. Agregou elementos artísticos à bossa do nosso espetáculo”, finaliza.

Serviço: Nara – Musical Brasileiro

Data: De 13 a 30 de outubro de 2011

Local: Centro Cultural Banco do Brasil (SCES, Trecho 02, lote 22)

Fone: (61) 3108-7600 | ccbbdf@bb.com.br

Ingressos: Inteira: R$ 6,00 (seis reais) / Meia: R$ 3,00 (três reais)

Vendas na bilheteria do CCBB Brasília.