Perdemos o DJ Komka, ícone da noite eletrônica brasiliense

Komka. Foto: Rafael Viana.

Nesta manhã de terça (20 de dezembro) fomos surpreendidos com a notícia da passagem do DJ Komka, ícone de festas e selos memoráveis que fizeram muitos clubbers dançar por anos.

Natural de Brasília, foi em Porto Alegre que descobriu a música eletrônica nos idos de 1999. Em 2000 retorna para a capital e começa a frequentar as festas. No ano seguinte aprendeu a discotecar e tocou pela primeira vez no réveillon.

Foto: Shake it!

Até chegar ao consagrado selo 5uinto foram alguns anos, mais precisamente em 7 de junho de 2007. O projeto idealizado ao lado de Ruiz Lopes e Bruno Iunes foi um marco histórico nas noites de quinta-feira em Brasília. O 5uinto agitou o Espaço Galleria por dez meses e depois migrou para a 904 sul, onde permaneceu por quase uma década de glória e pistas memoráveis.

Em 2019, Komka deixa o 5uinto e passa a focar na produção musical autoral. Nos últimos meses, Komka estava afastado das picapes e se dedicava à gastronomia com o Shaw Food, onde exercitava sua arte com a culinária árabe, com mão cheia por sinal.

Foto: Pedro Lacerda. Shake it!

O Acha Brasília conversou com Komka há dez anos, em outro contexto da noite de Brasília. Vale o registro e a ode a sua memória:

Acha – De onde vieram o o desejo de se tocar e que influências musicais marcaram este início?

Komka – “O interesse surgiu a partir do momento que conheci a cultura eletrônica. Primeiro, me apaixonei pela música, baixava tudo. Depois comecei a frequentar as festas e o interesse por tocar surgiu na sequência. Um selo que marcou meu início foi a Gigolo Records, na época do electroclash.”

Acha – Estes dez anos tambem marcam a celebração de cinco anos da noite eletrônica brasiliense que tem mais longevidade: o 5uinto. Como a sua carreira e o 5uinto se dialogam?

Komka – “O 5uinto representa, atualmente, metade do tempo que trabalho com música eletrônica. É o laboratório, o clube, meu xodó, a noite que dedico praticamente a minha semana toda de trabalho. Finalmente conseguimos colocar Brasília na rota das turnês de grandes produtores que aqui vem tocar, e sou feliz por isso.”

Acha – Como você vê o futuro da musica eletrônica e do trabalho dos DJs?

Komka – “A música eletrônica já tomou grandes proporções. Hoje em dia está em todos os gêneros musicais. Você ouve coisas que desacredita quando chega a conclusão ‘isto é música eletrônica?’. Acredito que a música eletrônica, propriamente a dance music, voltará as raízes, assim como o rock em algum momento voltou. Irá se descaracterizar tanto, como já vem acontecendo, que em algum momento começarão a buscar novamente suas raízes. Quanto aos DJs, acredito que, com o tempo, estes deixarão de ser somente DJs para tornarem-se cada vez mais produtores, de forma que o trabalho passará a ser mais de criação, manipulação, descontrução, do que meramente mixar uma faixa com a outra.”