CCBB recebe exposição do mestre Iberê Camargo.

As idiotas. Foto: Luiz Eduardo Robinson Achutti.
As idiotas. Foto: Luiz Eduardo Robinson Achutti.

A exposição Iberê Camargo: um trágico nos trópicos chega ao CCBB de 14 de novembro a 11 de janeiro de 2016. A mostra integra as comemorações do centenário de nascimento do artista e foi reconhecida como a melhor exposição retrospectiva pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), em sua 59ª edição, a mostra inclui 134 obras, entre pinturas (49), desenhos (40), gravuras (32) e matrizes (10). Os trabalhos foram especialmente selecionados pelo curador, professor e crítico de arte Luiz Camillo Osorio para a mostra que já passou pelo CCBB-SP e MAM Rio.

O público poderá apreciar desde obras da fase Natureza Morta, iniciada na década de 1950, período em que Iberê retornou da Europa para o Rio de Janeiro depois de estudar com mestres como Carlos Alberto Petrucci, De Chirico e André Lhote, até as grandes e trágicas telas de sua última fase, nos anos 1990, que incluem as séries das Ciclistas, As Idiotas e Tudo Te é Falso e Inútil. “O núcleo da exposição é o processo de amadurecimento da trajetória de Iberê, dos Carretéis até as telas dos anos 1980, quando a figura humana começa a reaparecer. E como não poderia deixar de ser, haverá uma pequena mostra complementar do Iberê gráfico, apresentada como uma exposição de câmara, intimista, em que muitos dos seus temas e obsessões são trabalhados no corte preciso da linha e das várias experimentações realizadas como gravador”, diz Camillo Osorio.

Crepúsculo da Boca do Monte. Foto: Fábio Del Re.
Crepúsculo da Boca do Monte. Foto: Fábio Del Re.

“É justamente o mergulho nas visões cruas e dolorosas da vida que me parece evidenciar a dimensão trágica da pintura de Iberê, sua densidade existencial, sua recusa, tão anti-brasileira, a crer que, ao fim, a harmonia afirmará. Ao longo de sua trajetória, começando com as paisagens, passando pelos carretéis, pelo flerte com a abstração – uma abstração feita de acúmulos e não de redução – e chegando às últimas telas com uma figuração assombrosa, o que vemos é uma paleta pouco solar, uma atmosfera de densidade angustiada, um corpo matérico onde sensualidade e sofrimento se irmanam incansavelmente”, escreve o curador em seu texto publicado no catálogo da mostra.

“A obra de Iberê é tão atual, jovem e vibrante, que poderíamos batizar as celebrações como o Centenário do Garoto, no caso do Rio, ou o Centenário do Guri, quando a homenagem aconteceu na sua terra natal, no Rio Grande do Sul”. Luiz Camillo Osorio também assina a organização e apresentação do livro CEM ANOS DEIBERÊ, editado em 2014 pela Cosac Naify em parceria com a Fundação Iberê Camargo. A obra, de 448 páginas, exibe 272 imagens e 13 textos curatoriais de exposições do artista realizadas pela Fundação Iberê Camargo.

Signo Branco I. Foto: Fábio Del Re.
Signo Branco I. Foto: Fábio Del Re.

Segundo Fábio Coutinho, superintendente cultural da Fundação com sede em Porto Alegre, Iberê Camargo: um trágico nos trópicos é uma das maiores retrospectivas já realizadas com a obra do artista. “Encerrar esta série de homenagens na cidade que acolheu Iberê e no MAM Rio, instituição que realizou a sua primeira exposição retrospectiva, em 1962, é uma dupla homenagem que nos deixa muito felizes”, afirma.

Em Brasília, além das obras, o público vai poder acessar uma novidade que acaba de ser lançada: o Acervo Digital da Fundação Iberê Camargo (www.iberecamargo.org.br/acervodigital). São 4 mil obras disponibilizadas em hotsite, com possibilidade de pesquisas cruzadas entre imagens e informações. O acervo digital traz ainda centenas de documentos, como catálogos, recortes de jornais e revistas, correspondências, cadernos de notas e fotografias, armazenados pela esposa de Iberê, Maria Coussirat Camargo. Das quatro mil obras, três mil estão em alta resolução, acompanhadas de fichas técnicas, históricos e informações relacionadas, revelando um repertório nunca visto antes em exposições. “Estamos acompanhando uma tendência seguida pelos principais museus do mundo”, diz o superintendente da Fundação Iberê Camargo, Fábio Coutinho.

Carretéis. Fotos: Fábio Del Re. Divulgação.
Carretéis. Fotos: Fábio Del Re. Divulgação.

Serviço: Iberê Camargo: um trágico nos trópicos
Data: De 14 de novembro a 11 de janeiro
Local: CCBB (SCES, Trecho 2, Lote 22)
Classificação indicativa: Livre.
Entrada Franca.
www.iberecamargo.org.br