Renato Acha
A MPB ganha uma homenagem que tem como foco o legado artístico de anjos tortos como Wilson Simonal, Raul Seixas, Sérgio Sampaio, Torquato Neto, Waly Salomão e Itamar Assumpção, nomes que fizeram uso da liberdade e enriqueceram a cultura brasileira com propriedade.
A série Anjos Tortos, a MPB gauche na vida, com curadoria de Mônica Ramalho, acontece no Teatro I do CCBB Brasília de 15 de setembro e 2 de outubro, de quinta a domingo, sempre às 21 horas e ingressos a R$ 15,00.
“Queríamos trazer à cena parte do repertório primoroso de músicos e poetas populares brasileiros considerados à margem da grande indústria, geniais e geniosos na mesma medida, que se importavam menos com o sucesso comercial do que em viver e criar intensamente. Em 2012, vamos levar a série para o CCBB Rio”, adianta a também escritora e jornalista, nascida em Brasília e criada no Rio de Janeiro.
A homenagem começa com Max de Castro que dedica seu show ao pai, Wilson Simonal (15 e 16 de setembro). Jorge Mautner canta Raul Seixas nos dias 17 e 18.
No segundo fim de semana, Xangai se inspira no amigo Sérgio Sampaio (22 e 23) e Chico César aborda a obra de Torquato Neto (24 e 25).
Na terceira semana, Jards Macalé canta Wally Salomão (29 e 30) e o projeto se encerra com Analy Assumpção em culto ao pai, Itamar Assumpção (1º e 2 de outubro).
No dia da estreia, 15 de setembro às 19 horas, Mônica Ramalho é a mediadora de uma mesa-redonda com Toninho Vaz, Fred Coelho e Luiz Carlos Maciel. O mote será a contracultura que foi produzida no país ao longo dos anos 60, 70 e 80. Toninho Vaz aproveita a vinda à cidade e lança o livro Solar da Fossa – Um território de liberdade, impertinências, ideias e ousadias (Casa da Palavra). A obra fala de um casarão em Botafogo, Rio de Janeiro, onde moraram, em esquema de república na época da ditadura, alguns dos principais nomes das artes nacionais, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Paulinho da Viola e Torquato Neto.
Programação:
Dias 15 e 16 de setembro (quinta e sexta-feira)
PAÍS TROPICAL: SEI DE COR O AMOR QUE TENHO POR VOCÊ
Para a estreia da série, o cantor e compositor Max de Castro recordará o pai – Wilson Simonal (1938-2000). Será uma noite de muita alegria e balanço ao som de Hits inesquecíveis de Simonal, que lançou moda e encantou plateias com seu talento e carisma, e da moderna mistura de soul, samba e bossa nova das canções de Max de Castro. Simonal foi um dos grandes incentivadores da carreira de Max, que estreou com um disco aclamado pela crítica. Será uma oportunidade ver o filho cantar os sucessos de Simonal, e conferir todo o suingue que herdou de seu pai.
http://trama.uol.com.br/maxdecastro/
http://cliquemusic.uol.com.br/artistas/ver/wilson-simonal
Dias 17 e 18 de setembro (sábado e domingo)
MARACATU ATÔMICO: QUERO SER LOCOMOTIVA
Jorge Mautner vai cantar Raul Seixas (1945-1989), talvez o anjo torto que mais frequenta o imaginário popular. Poetas, loucos, visionários e donos de um talento ímpar são alguns dos adjetivos normalmente usados para defini-los. Mautner, que está comemorando seus 70 em 2011, trará ao CCBB um repertório que abrange toda sua carreira como “Vampiro”, “Olhar Bestial” e “Sapo Cururu”, até as mais recentes, incluindo material inédito. Mautner e Raulzito transitavam nos mesmos ambientes, brilhavam como artistas à margem da grande indústria e chegaram a participar de shows coletivos, como o legendário ‘Banquete dos Mendigos’, em 1973.
www.jorgemautner.com.br http://raulsseixas.wordpress.com/
Banda: Jorge Mautner/voz/violino; Nelson Jacobina/guitarra/violão/direção musical; Kassin/baixo; e Stephane/bateria.
Dias 22 e 23 de setembro (quinta e sexta-feira)
BLOCO NA RUA: NÓIS É JECA MAIS É JOIA
Abrindo a segunda semana, Xangai relembrará a poética do compadre Sérgio Sampaio (1947-1994). Sampaio, músico, compositor e sinônimo de vanguarda, cuja obra permanece desconhecida pelo grande público, conquistou monumental sucesso de vendagem com “Eu quero é botar meu bloco na rua”, de 1972. Será uma oportunidade rara revisitar as músicas de Sampaio na voz agreste e peculiar de seu amigo Xangai, que também apresentará suas famosas composições, além de adaptações do folclore nordestino, feitas em ritmo de xote, cocos e toadas.
http://www.dicionariompb.com.br/sergio-sampaio/biografia
http://www.lastfm.com.br/music/Xangai
Músicas de Sampaio, que Xangai irá interpretar: Nem Assim; Cala a Boca Ze Bedeu; Dona Maria de Lourdes; Meu Filho Minha Filha; e Quero Botar Meu Bloco na Rua.
Dias 24 e 25 de setembro (sábado e domingo)
ANJO TORTO: DIZ AÍ COMO É QUE É
Chico César dará voz à obra tão admirada de Torquato Neto (1944-1972), autor de música inspirada no poema de Carlos Drummond de Andrade que nomeia a série. No roteiro, Chico vai cantar “Nato”, em parceira com Tatá Fernandes, na qual se ouve: “Um poeta nato / filho da ralé / um Torquato Neto / parte da Turquia / para qualquer parte…” Torquato cometeu o suicídio antes de ver a música brasileira fabricar o “pop genuinamente brasileiro” que tanto desejava e tão bem defendido por Chico César.
http://www2.uol.com.br/chicocesar/ http://www.torquatoneto.com.br/
Dias 29 e 30 de setembro (quinta e sexta-feira)
VAPOR BARATO: NÃO PRECISO DE GENTE QUE ME ORIENTE
A parceria dessa dupla, que abre a última semana do projeto, vem desde 1971, ano em que Waly Salomão (1943-2003), o homenageado, e Jards Macalé, o convidado, dão início a um rico repertório de parcerias como “Mal secreto”, “Anjo exterminado”, “Dona do castelo”, “Revendo amigos” (enviada doze vezes à censura), “O senhor dos sábados” e “Vapor barato”, cujo primeiro registro é justamente de 71, na voz de Gal Costa. Em 2005, Macalé lançou ‘Real Grandeza’, reunindo o melhor da parceria entre os dois, um rico documento da genialidade desses anjos.
http://walysalomao.com.br/ http://www.myspace.com/jardsmacal
Dias 1º e 2 de outubro (sábado e domingo)
NEGA MÚSICA: LUZ NOS MEUS OLHINHOS
A oportunidade de revisitar a obra vanguardista, irreverente, bem humorada e repleta de crítica social de Itamar Assumpção (1949-2003), é o que está reservado para o encerramento de Anjos Tortos, a MPB gauche na viva. E ninguém melhor do que sua filha, Anelis Assumpção, para apresentá-la. Anelis começou a carreira como vocais na banda do pai, mas só depois de muitos shows solo ou brindando variadas parcerias, que a artista estreia seu caprichado trabalho autoral “Sou Suspeita. Estou Sujeita. Não Sou Santa” (2011), focado em suas composições e interpretações, que será apresentado pela primeira vez na cidade.
http://www.itamarassumpcao.com.br/ http://www.anelis.com.br/
Serviço: Anjos Tortos, A MPB Gauche da Vida
Temporada: de 15 de setembro a 2 de outubro 2011.
Local: Teatro I do Centro Cultural Banco do Brasil Brasília (SCES Trecho 2, lote 22).
Lotação: 324 lugares.
Dias e horários: de quinta a domingo, sempre às 21h.
Duração: 90 minutos.
Preço: R$ 15 e R$ 7,50 (meia-entrada válida para estudantes, professores, maiores de 60 anos e clientes BB). A venda antecipada de ingressos para cada semana inicia-se no domingo da semana anterior, restrita a quatro bilhetes por pessoa.
Classificação indicativa: Não recomendado para menores de 14 anos.
Informações: (61) 3108.7600.
Twitter: @anjostortos
http://www.facebook.com/pages/Anjos-Tortos/196144690443541
Bate-papo com: Toninho Vaz, Fred Coelho e Luis Carlos Maciel.
Local: Teatro I do CCBB Brasília.
Dia: 15 de setembro. Horário: 19h
Lançamento do livro: Solar da Fossa – Um território de liberdade, impertinências, ideias e ousadias (Ed. Casa da Palavra).
Autor: Toninho Vaz.
Local: Livraria Dom Quixote do CCBB Brasília.
Dia: 15 de setembro. Horário: 20h. Preço: R$ 39,90.