Que espécie de animal é você? Homem, quadrúpede, pássaro? O que fazer quando a mente conquista beleza e liberdade e o corpo envelhece?
Imagine se o homem tivesse a capacidade de regeneração dos répteis, que abandonam toda a pele e desenvolvem outra no lugar. Se pudesse andar pelas paredes e tetos, desafiando a lei da gravidade e mudar a cor da nossa pele de maneira camaleônica. E se continuasse a respirar debaixo d’água, mesmo depois de rompido o cordão umbilical? Como seria o mundo se o homem voasse? E se tivesse uma visão de coruja, o radar do tubarão, a velocidade de um lince e a força de um touro?
Com roteiro de Marília Toledo, assistência de direção de Suzana Mafra e iluminação de Wagner Freire, o espetáculo pretende representar a evolução da espécie humana, comparando-a com a dos répteis, pássaros, peixes e quadrúpedes, por meio da dança, da música e de textos que percorrerão o teatro-dança.
O ator Rubens Caribé dá vida à história de um monge que dedica a existência não apenas à filosofia, mas também a estudos sobre a anatomia de diversas espécies, com o objetivo de encontrar a perfeição. Em cena, os encontros possíveis desse monge e de outros personagens, como um maestro que dirige um coral de bichos, um professor de organização dos músculos da face com os animais que ele pesquisa, num embate de atração e inveja em relação as suas características. A mezzo soprano Regina Elena Mesquita também dá voz a uma mãe, uma égua e uma camareira, num repertório musical insólito, que mescla Nino Rota, uma canção iídiche, The Carpenters e canções regionais brasileiras.
O espetáculo, que terá momentos de interatividade, também pretende que o público se dê conta da importância do corpo como o instrumento de todas as ações cotidianas, que passam despercebidas, mas que são vitais ao ser humano. A respiração, o ato de piscar, a deglutição, são ações mecânicas e involuntárias que nem passam pelo nosso pensamento no dia a dia. Mas se algo der errado com uma dessas ações, o corpo para.
“Quando fazemos a representação dos animais, falamos das múltiplas habilidades motoras, o pássaro e sua flutuação, o peixe, com a perfeita articulação entre a cauda e a cabeça e, o homem, com a capacidade de dormir em pé, por exemplo, e outras características que o diferenciam das demais espécies: a imaginação, sedução, a melhor pele, que permite que ele pinte, toque piano… O homem paga um preço pela sua excessiva verticalidade. Queremos aproximar o público de sua psicomotricidade, do funcionamento de seu próprio corpo já que os aspectos mecânicos e motores são as ferramentas de integridade e preservação do corpo humano. É inevitável que o corpo envelheça e a mente fique mais refinada. Como preservar a unidade?”, questiona Bertazzo.
De maneira lúdica e bem humorada “Corpo Vivo” traz para o palco uma das principais reflexões do homem: a preservação e a degeneração do corpo.
Serviço: Corpo Vivo – Carrossel das Espécies
Data: 1º a 03 de abril às 21 horas (sexta e sábado) e 18h (domingo)
Local: Sala Villa lobos do Teatro Nacional.
Classificação indicativa livre.
Entrada Franca, mediante retirada de ingressos na bilheteria do Teatro Nacional (limitado a dois ingressos por pessoa), de 12h às 20h.
Informações: 3325-6239.