Pianista lança álbum com obras inéditas de Claudio Santoro e apresentações gratuitas.

Asa Sul e Sobradinho.

Foto: Renata Prado.

Aos 12 anos, Pablo Marquine descobriu Cláudio Santoro. Ao participar de um concerto em homenagem aos 10 anos de falecimento do maestro, o pequeno pianista se viu arrebatado pela emoção que as composições de um dos maiores músicos brasileiros lhe trouxe. À medida em que crescia e se aperfeiçoava no piano, mergulhava nas composições do maestro amazonense. Até que a admiração foi muito além de tocar as partituras: Pablo resolveu estudar a vida e obra de Claudio Santoro. A partir do mestrado sobre as diferentes fases de composição do músico, Marquine percebeu que faltava um registro para piano solo da obra do maestro. Foi então que o que se tratava apenas de um trabalho acadêmico se transformou em um disco. Intitulado “Claudio Santoro: Obra Completa para piano solo. Volume I – Prelúdios”, o álbum é uma homenagem à memória e o registro inédito do trabalho de um dos compositores mais importantes da história do Brasil. O CD será lançado com três concertos em Brasília, sendo o primeiro no dia 7 de junho, na Casa Thomas Jefferson, às 20h. A entrada é franca.

Com Raffaello Santoro, filho mais novo de Claudio Santoro, na engenharia de som, o disco é a primeira parte de um projeto inédito no Brasil e no mundo de gravação da obra completa para piano solo do compositor, que Pablo concluirá no doutorado que já está cursando. O álbum traz todos os prelúdios, composto por 42 músicas, gravadas em três dias, no Rio de Janeiro. Especificamente dessa obra de Santoro, eram conhecidas apenas 34 peças. Durante a pesquisa acadêmica, Pablo teve acesso a algumas peças desconhecidas e também a três versões inéditas de alguns prelúdios já conhecidos, os quais foram inseridos no disco com a interpretação do pianista. Esses prelúdios constituem-se como o único conjunto de obras para piano solo e perpassam por todas as diferentes fases estéticas do maestro. “Nenhuma composição é igual a outra, por mais que pertençam a mesma fase. Eu ouso dizer que, talvez, os prelúdios sejam as peças de Claudio Santoro mais difíceis de interpretar”, disse Pablo Marquine.

A razão do projeto de gravação da obra completa de Claudio Santoro para piano solo surgiu a partir da observação de Pablo sobre a falta de registro de figuras históricas brasileiras, sobretudo na música. Para o pianista, a essência histórica do Brasil é relegada somente aos heróis. Essa visão particular da realidade é muito fácil de ser contada mas, no fundo, é pouco substancial. Pablo, então, sentiu a necessidade de tonar essa obra do compositor ainda mais conhecida e colocá-la também em um patamar internacional. “Não há no Brasil e no mundo nenhum registro da obra completa do maestro para piano solo”, salienta o pianista. “Se não me engano, dos grandes compositores eruditos brasileiros, só Heitor Villa-Lobos tem a obra completa para piano solo. Santoro tem 14 sinfonias escritas e mais de 600 composições completas. Precisamos resgatar essa figura tão importante da música”, explica Marquine.

Como em toda pesquisa acadêmica, é preciso trazer algo que nunca foi feito e o pianista se aprofundou no trabalho do maestro e na história da música no Brasil. “Me deparei com uma situação interessante. No acervo havia partituras que ainda não tinham sido editadas”, disse Pablo. Ao editá-las, o pianista sentiu a necessidade de torná-las conhecidas e a ideia da gravação de um disco começou a tomar forma. “Aquelas composições falaram ao meu coração, aos meus anseios como artista. Percebi que tinha algo para oferecer ao mundo”, explica o pianista.

A força e a paixão que Claudio Santoro tinha como compositor, demonstradas em todo seu trabalho, foram determinantes também para uma mudança pessoal em Pablo Marquine. Na universidade, o pianista foi convidado a participar do acervo digital do maestro, onde sua função era digitalizar as cartas escritas pelo compositor. Chamava-lhe a atenção a inteligência e fortes convicções de Santoro, além da influência entre grandes músicos do mundo todo. “Fui me encantando cada vez mais com o músico e a pessoa que ele era”, lembra Pablo. Esse contato o levou a ver um outro lado da composição, o da história da música. “Isso mexeu muito comigo. Haviam cartas que representavam o que acontecia na época, a respeito de discussões estéticas de vanguarda, concepções filosóficas e ideológicas da música”.

Hoje, Marquine se dedica ao doutorado sobre a obra completa de Claudio Santoro para piano solo. Para o pianista, a conclusão de todo esse trabalho – a gravação de outros discos – irá marcar a história da música brasileira nacional e internacional. “Não tenho nenhuma pretensão, porque a obra de Santoro merece esse patamar”, afirma Marquine. “Acredito que o Brasil precise de um trabalho assim. Esse é só início. Ainda tem muito chão para correr”. Após os concertos de lançamento em Brasília, Marquine segue em turnê nacional, passando pelo Rio de Janeiro e São Paulo. Depois, segue para o exterior com concertos nos Estados Unidos e na Europa.

Serviço: Concertos de lançamento do álbum “Claudio Santoro: Obra Completa para piano solo. Volume I – Prelúdios”
Data: 7 de junho (quarta) às 20 horas
Local: Casa Thomas Jefferson – SEPS 706/906 conjunto B – Asa Sul
Entrada franca

Data: 19 de junho (segunda) às 20 horas
Local: Escola de Música de Brasília – Quadra 602 – Módulo D, Av. L2/Sul – Asa Sul
Entrada franca

Data: 5 de julho (quarta) às 20 horas
Local: Área Especial, Q 12 – Sobradinho
Entrada franca.