O Grupo Corpo volta a se apresentar em Brasília para celebrar 37 anos de existênciaem apresentações na Sala Villa-Lobos, de 23 a 25 de março. O espetáculo Sem Mim (2011) apresenta um paradoxo entre movimentos leves e música impactante.
A trilha sonora do viguês Carlos Núñez e do paulista José Miguel Wisnik traz uma perfeita junção ao cenário de Paulo Pederneiras, que apresenta uma rede onde os bailarinos interagem de mil maneiras sob a coreografia de Rodrigo Pederneiras, uma dupla de sucesso que conta com uma equipe competente.
Os figurinos de Freusa Zechmeister acentuam a inspiração surgida a partir do único conjunto de peças do cancioneiro profano medieval galego-português que chegou aos nossos dias com as respectivas partituras de época: o célebre ciclo do mar de Vigo, de Martín Codax. As sete canções, datadas do século XIII, constituem o testemunho mais antigo e figuram entre as mais apreciadas sobreviventes de uma das vertentes da tradição trovadoresca da região na época: as chamadas “cantigas de amigo”. Nelas, o poeta se pronuncia sempre em nome da mulher; mais especificamente de jovens apaixonadas que pranteiam a ausência ou festejam a iminência do regresso do amado-amigo.
Na avidez do reencontro, elas confidenciam ora com o mar, ora com a mãe, ora com amigas. E, para aplacar ou fustigar o desejo, saem a banhar-se nas ondas do mar. (No caso das raparigas de Codax, nas ondas do mar de Vigo.), Os paradoxos se estendem para elementos como a calmaria e fúria, como o próprio mar que traz suas ondas em vaivém. os dançarinos reproduzem o apartamento entre feminino e masculino, onde um(a) reclama sempre a falta do outro.
O balanço das ondas, seu ir-e-vir incessante, a rebentação nas escarpas rochosas deságuam na recorrência de movimentos, sinuosos ou abruptos, de tronco, e dobraduras incisivas de joelho pelos bailarinos, e em um deslocamento espacial marcado pelo fluxo constante de avanços e recuos, naquela que Rodrigo Pederneiras considera a mais despojada de suas coreografias.
Antes de Sem Mim, o Grupo Corpo apresenta O Corpo, de 2001, que tematiza o imaginário urbano. A coreografia de Rodrigo Pederneiras dialoga inovadoramente com a trilha eletrônica de Arnaldo Antunes.
Serviço: O Corpo e Sem Mim – Grupo Corpo
Data: 23 a 25 de março de 2012
Local: Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional
Sexta e sábado – 21 horas | Domingo – 20 horas
Classificação Livre
Informações: 3325.6239
R$80,00 inteira | R$40,00 meia.