Entrevista com Tulipa Ruiz no projeto Encantadoras.

Foto: Renato Acha.

Renato Acha

Tulipa Ruiz se apresentou nesta sexta (6 de maio) e volta para show neste sábado (7 de maio) às 21 horas no Teatro Oi Brasília. A noite foi repleta de momentos descontraídos e muita interação, por meio da música e imagens projetadas pelo grupo Cinema de Mão.

O show teve início com Efêmera, composição que dá nome ao disco que mostrou a cantora e desenhista ao mundo. Ela acabou de retornar de uma bem sucedida turnê pela Europa, acompanhada pelo irmão, Gustavo Ruiz, produtor do álbum lançado no exterior pelo selo Totoló Records.

Tulipa cantou Pontual, Pedrinho, Aqui, Do Amor e outras canções com a presença da banda completa, o que proporcionou arranjos mais elaborados ao lado da doçura envolvente da artista que nunca faz um show exatamente igual, afinal é efêmera e cheia de surpresas. 
Foto: Renato Acha.

As imagens projetadas pelo Cinema de Mão aka Ciça Lucchesi & Fred Siewerdt foram ingredientes fundamentais na sinestesia de sons, cores e o perfume que exala quando esta flor está no palco. Elas se alternavam entre desenhos de Tulipa e cenas ao vivo, o destaque ficou por conta do live com Fred Siewerdt na canção Às Vezes, em que vários papéis com a letra da música eram manipulados por ela e transmitidos sequencialmente no telão, uma brincadeira despojada com a poesia concreta e a performance art, pois Tulipa vai realmente muito além de simplesmente fazer música.

Foto: Renato Acha.

Nada mais justo que ela conquiste o planeta com sua voz e a excelente companhia de sua trupe de criação coletiva.

“How beautiful!”

Após o show, Tulipa bateu um papo com o Acha Brasília:

Acha – Como foi sua recente turnê pela Europa?

Tulipa – Foi muito legal e muito positivo. No começo eu fui com um pouco de medo porque só fui eu e o Gustavo, voz e violão de sete cordas, aí eu achei que as músicas iam ficar muito peladas, que eu iria apresentar as músicas pela primeira vez de um jeito muito cru, e na verdade não, no processo eu fui me aproximando das músicas cada vez mais pela essência. O prazer foi muito importante. O disco foi lançado pelo selo Totoló Records, que é o mesmo selo da Orquestra Imperial, Wilson das Neves e lançou estes artistas lá. A gente fez Roma, Lisboa, Londres e Paris e os shows lá foram muito legais, com vários brasileiros, mas muitos europeus.

Em Londres tinha um jornalista do The Guardian que fez uma crítica delícia, a gente ficou encantado porque pelo menos lá não foi essa coisa de entrar em um nicho de world music, que é um lugarzinho muito pequenininho que o mundo inteiro tem uma prateleira na loja de discos. Foi bacana ter saído um pouco disto. E cada lugar foi especial, em Portugal, por exemplo. Lisboa é um lugar que você não precisa ficar contextualizando a música brasileira para poder chegar ao seu trabalho, você já vai direto, porque eles consomem muito a música brasileira lá, eles conhecem tudo. As entrevistas mais interessantes que eu já dei na vida foram em Lisboa, perguntas super profundas, os caras chegavam com muita pesquisa então foi interessante ver o interesse das pessoas pelo estrangeiro. Foi muito especial, espero que a gente volte no segundo semestre com a banda.

Foto: Renato Acha.

Acha – O show de hoje foi diferente da apresentação em janeiro. A proposta do audiovisual com a projeção foi muito interessante. Sua música é muito sinestésica, feita pra sentir, e também muito visual, como um roteiro de cinema.

Tulipa – Eu acho que é meio parecido, na verdade as projeções do show são feitas por uma dupla que se chama Cinema de Mão, que é Ciça Lucchesi e o Fred Siewerdt. A gente é parceiro de faculdade, eu fiz faculdade com a Ciça, então eu acho que os nossos primeiros alumbramentos audiovisuais foram todos meio juntos. Na hora de fazer o show, a gente já fez faculdade e é amigo há muito tempo, então é um exercício, uma celebração de tudo que a gente gosta. A Ciça estudou animação por muito tempo e eu desenho muito, eu penso em imagens para as minhas músicas, daí juntou o útil ao agradável.

Acha – Como foi o seu contato com as artes visuais?

Tulipa – Eu sou formada em comunicação e multimeios, comecei um mestrado em multimeios também, estudei um pouquinho de cinema, sou ligada, presto atenção, não sou uma acadêmica das artes plásticas e nunca fui muito por esse caminho, mas acho que estudar multimeios e a linguagem audiovisual me abriu o olho um pouco.

Foto: Renato Acha.

Acha – A idéia de fazer o primeiro disco e criar a capa é algo bem abusado, eu acho muito legal.

Tulipa – Eu também gosto disto. Eu acho que eu fiz um disco só para fazer a capa, na verdade. (risos)

Acha – E o que você prepara agora para a sequência?

Tulipa – A gente vai lançar o clipe de Sushi, que está sendo finalizado e foi dirigido pela Leandra Leal. Logo mais deve pintar por aí esse clipe. A gente vai começar a gravar o clipe de Efêmera, que vai ser feito por nós, pelo nosso núcleo audiovisual. A gente deve ter Rock In Rio no segundo semestre, eu estou muito empolgada com esse show porque vai ser um show com o Nação Zumbi e vão estar duas bandas o tempo todo no palco. Vai ser muito bom a gente fazendo o som do Nação e o Nação fazendo o nosso som. E voltar para Europa com a banda e disco novo ano que vem. Esse é o ano de Efêmera ainda.

Acha – Alguma novidade sobre o disco novo?

Tulipa – A gente funciona assim, eu moro em um apartamento, em cima mora o Fred, do Cinema de Mão. Eu moro com o Gustavo, meu irmão, que é o produtor do disco, o meu pai mora na esquina. O Fred faz alguma coisa de vídeo, ele manda pra gente e o Gustavo já pensa numa trilha ou escrevo alguma coisa, ele filma. A gente já funciona meio como uma produtora frenética, então eu acho que no próximo disco a ideia vai ser dar uma temperada, peneirar estas coisas que a gente tem e pensar em coisas novas. Eu ainda não comecei a pensar no recorte do novo disco mas o nosso banco de dados está engordando.

Luiz Chagas e Gustavo Ruiz, pai e irmão parceiros de criação. Foto: Renato Acha.

Serviço: Tulipa Ruiz
Data: 7 de maio (sábado) às 21 horas

Local: Teatro Oi Brasília (Complexo Golden Tulip Brasília Alvorada – SHTN Trecho 1, Conj. 1B, Bloco C
Vizinho ao Palácio da Alvorada)

Ingresso: R$ 25,00 – valor único – Classificação: 16 anos

Info: (61) 3424-7169
www.teatrobrasilia.com.br