Documentário sobre Leila Diniz abre o 54ª Festival de Brasília do Cinema Brasileiro

7 de dezembro.

A 54ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro vai contar com cerimônia de abertura transmitida pela InnSaei no dia 7 de dezembro. A homenageada da noite é Leila Diniz, frequentadora ilustre do Festival de Brasília em seus primeiros anos. Apresenta-se Já que Ninguém me Tira pra Dançar de Ana Maria Magalhães (91 min, 2021, RJ), documentário realizado a partir de restaurações de entrevistas concedidas por Leila (1945-72). Nesta noite, a cineasta e gestora cultural Olga Futemma recebe a medalha Paulo Emílio Salles Gomes, concedida a grandes contribuintes da memória e pensamento do cinema nacional.

“Já que ninguém me tira pra dançar” é um longa inédito, realizado originalmente em U-Matic, e depois restaurado. Entrevistas e gravações novas juntaram-se às originais, de 1982, digitalizadas recentemente. Finalizado em HDTV, o filme resgata a participação de Leila Diniz na cultura moderna, artista que se posicionou pela liberdade das mulheres durante os anos mais duros da ditadura militar.

Realizado pela diretora e atriz Ana Maria Magalhães, que foi amiga de Leila, o filme é o registro de um período e mostra imagens de filmes, fotos e cenas ficcionais vividos pela atriz Leila Diniz, revelando seu modo libertário de ser e agir numa época que inspirou avanços culturais e comportamentais no mundo inteiro. A famosa entrevista de Leila ao Pasquim, em 1969, despertou indignação dos militares e o desprezo das feministas que achavam-na apenas vulgar.

Autêntica e espontânea, Leila Diniz foi porta-voz de uma geração censurada. Conquistou corações e mentes sob o signo do amor e ao mesmo tempo gerou hostilidade dos defensores da moral e dos bons costumes, principalmente após posar de biquíni para uma revista, aos oito meses de gravidez. Leila falava abertamente sobre tudo, incluindo sua sexualidade. Como as rebeldes Janis Joplin e Amy Winehouse, Leila Diniz morreu aos 27 anos, em um acidente de avião na Índia, quando voltava de um festival de cinema na Austrália, onde recebeu o prêmio de melhor atriz. O filme tem coprodução do Metrópoles e apoio do Instituto Itaú Cultural.

Remasterizado a partir de sua versão original e inédita, o documentário é o registro de uma época e, acima de tudo, faz um resgate da participação na cultura brasileira da revolucionária atriz Leila Diniz (1945-1972), cinquenta anos após o seu desaparecimento.