O filme “Simples Mortais”, de Mauro Giuntini, tem estreia em Brasília.

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O cineasta Mauro Giuntini estreia seu primeiro longa, Simples Mortais, em Brasília no dia 25 de novembro e no Rio de Janeiro no dia 9 de dezembro. O filme já ganhou prêmio de melhor ficção pelo júri popular no Festival Ibero-Americano de Cinema e Vídeo do Rio de Janeiro em 2009 e  prêmios de melhor ator (Chico Sant’Anna) e melhor ator coadjuvante (Eduardo Moraes) no Festival de Recife em 2008.

Brasília ganha pré-estreia para convidados no dia 23 de novembro, no Cine Brasília, palco perfeito para narrar três histórias que se passam nas quadras da cidade.

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Amadeu (Chico Sant’Anna) é um funcionário público que toca teclado em churrascarias e bares para complementar a renda. Viúvo precoce, ele criou o filho Kadu (Eduardo Moraes) sozinho. Há muito tempo, Amadeu desistiu da carreira artística e investiu na criação de Kadu que, agora, batalha para ser músico de sucesso.

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A segunda história gira em torno de Jonas (Leonardo Medeiros), um escritor que, apesar de ter publicado alguns contos premiados não consegue terminar um romance. Ele sublima a não realização de suas pretensas vocações artísticas dando aulas de literatura em uma universidade. Em casa, ele sustenta um casamento protocolar com Kátia (Alice Stefânia), uma mulher pragmática que, diante da baixa participação do marido, carrega o lar nas costas. A monotonia da rotina leva-o a buscar aventuras libidinosas, ainda que no plano da fantasia, relativamente segura e anônima, de sites e revistas pornográficas. Mergulhado numa crise criativa, encontra inspiração na aluna Yara (Tatiana Muniz). A jovem apaixonada por poesia faz com que Jonas acredite no poder das musas, passa a desejá-la e acaba lançado no mar agitado da consumação sexual.

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Na terceira história, Diana (Narciza Leão) é uma bem-sucedida apresentadora de TV que sempre colocou a realização profissional em primeiro plano. Ela já passou dos 40 anos e seu relógio biológico está com o alarme disparado. Como sua fertilidade está muito baixa, ela faz tratamento e tenta desesperadamente engravidar de seu jovem companheiro, o ator de teatro Gabriel (Sérgio Sartório). Ele está num momento bem diferente da vida, quer galgar sua carreira por méritos próprios e não à sombra do prestígio da mulher. Em meio a injeções de hormônios e coitos programados, o casal, apesar de se gostar muito, se afasta a cada novo passo a diante.

Com uma narração múltipla, Simples Mortais lança ao público uma série de questões existencialistas sobre sonhos, afeto e relações humanas. “O filme pretende falar sobre a negociação que fazemos o tempo todo, sobre o que faremos e o que vamos sublimar de nossos desejos. Os personagens perseguem sonhos que não fazem mais sentido e os acasos reorientam suas trajetórias”, explica Mauro Giuntini. O diretor acrescenta que esses questionamentos ficam ainda mais evidentes na relação entre Amadeu e Kadu: “Como todo pai, Amadeu quer o melhor para o filho. Eles construíram um jogo em que são seus próprios algozes e vítimas. O filho quer levar o pai ao sonho; e o pai quer que o filho ponha os pés no chão. Todos os núcleos tratam de questões relacionadas ao dever, ao trabalho, à questão da criação, à procriação, que é a continuidade ou uma reinvenção da vida”.

Além dessa questão existencialista, Simples Mortais também trata da família. Ou mais propriamente do distanciamento que se faz presente nas famílias dos três protagonistas. “A família é muito presente em Simples Mortais. São famílias incompletas. Mesmo na família do professor, onde há pai, mãe e filhos, o pai é  ausente. É incompleta pelo distanciamento do pai que está numa jornada solitária e quixotesca. No caso do pai e do filho, há a ausência da mãe. No terceiro núcleo, uma mulher de 40 anos, que sempre priorizou a carreira, luta para engravidar. Ao longo do filme, só há evolução no campo do afetivo. Nem o trabalho nem a arte são capazes de dar redenção às personagens”, diz o diretor.

Elenco:

Leonardo Medeiros – Poeta e professor em Simples Mortais, o ator Leonardo Medeiros estreou em cinema com Lavoura Arcaica (Luiz Fernando Carvalho), com o qual conquistou o Candango de melhor ator coadjuvante no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Em 2004, recebeu o Candango de melhor ator pelo papel de um militante de esquerda na ditadura militar do Brasil dos anos 70 em Cabra-Cega (Toni Venturi). Atualmente, interpreta o professor Lourenço na novela A Vida da Gente, na TV Globo. É formado em artes cênicas pela USP (Universidade de São Paulo) e pela British Theatre Association.

Chico Sant’Anna –O Amadeu de Simples Mortais, Chico Sant’Anna é ator profissional desde 1980. Estreou na peça Gota d’Água, ao lado de Bibi Ferreira, sob a direção de Gianni Rato. Em cinema, Chico Santanna atuou Louco por Cinema (André Luís Oliveira), Uma Vida em Segredo (Suzana  Amaral), Rua  Seis, Sem  Número (João Batista de Andrade), Subterrâneos (José Eduardo Belmonte) e Momento Trágico (Cibele Amaral). Em abril de 2008, recebeu o prêmio de melhor ator do 12º Cine PE – Festival de Cinema de Pernambuco por Simples Mortais. Na televisão, participou de novelas e seriados da TV Globo, como Cabocla, O Rei do Gado, Mad Maria, JK e Amazônia.

Narciza Leão – Narciza Leão é atriz e produtora. Em cinema, antes de fazer a personagem Diana de Simples Mortais, viveu uma guerrilheira em Araguaya – Conspiração do Silêncio (Ronaldo Duque). Na televisão, atuou nas novelas Desejo de Mulher, Um Anjo Caiu do Céu e Suave Veneno.

Eduardo Moraes – Eduardo Moraes conquistou, pelo papel de Kadu, o prêmio de melhor ator coadjuvante do 12º Cine PE – Festival de Cinema de Pernambuco. Simples Mortais marcou sua estreia em longa-metragem. Músico, Eduardo Moraes é autor de algumas canções do filme. São elas: Candanga Capital (parceria com Tiago Miranda), Pode? e Tamboura Song. Recebeu o prêmio de melhor ator nos festivais de Curtas de Taquary (PE) e Primeiro Plano, em Juiz de Fora (MG), com Sequestramos Augusto César (Guilherme Campos). Sua carreira teve início em 1995 nos musicais dos irmãos Deto e Oswaldo Montenegro. É integrante da Cia Comédia de 4 Naipes, que faz bastante sucesso nos palcos de Brasília ao discutir temas sérios da atualidade com bastante humor.

Sérgio Sartório – Ator de teatro em Simples Mortais, Sérgio Sartório atua nos palcos brasilienses desde 1998 como ator e diretor.  Em 2008, dirigiu Nunca Fui Santo!, peça estrelada pelo ator brasiliense Alexandre Ribondi, de quem protagonizou O Homem de Buenos Aires e Virilhas. Em cinema, esteve nos curtas-metragens Ódio Puro Concentrado (André Miranda) e Bem Vigiado (Santiago Dellape). Simples Mortais é o seu primeiro longa-metragem.

Tatiana Muniz – A atriz integrou o elenco da peça Confissões de Adolescente, de Domingos de Oliveira. Com o mesmo diretor, Tatiana esteve em Abril Febril – Ciclo de Leituras, Os Melhores Anos de Nossas Vidas e Do Fundo do Lago Escuro – nesta última, foi assistente de direção. Dividiu o palco com Jorge Dória em Juntando Cacos e, mais recentemente, fez três papéis na montagem de O Ensaio Sobre a Cegueira (Patrícia Zampiroli). Na televisão, atuou em Malhação Múltipla Escolha (TV Globo) e Floribella (Band).

Alice Stefânia – Alice Stefânia é doutora em Artes Cênicas pela UFBA (Universidade Federal da Bahia) e formada em teatro na UnB (Universidade de Brasília), onde também fez mestrado. Com vasta experiência no teatro em Brasília e na Bahia, esteve em montagens dirigidas por Márcio Meirelles, do Bando de Teatro do Olodum. Em cinema, teve participações no elenco de Louco por Cinema (André Luiz Oliveira) e Terra de Deus (Iberê Cavalcanti).

Ficha técnica:

Marcio Curi (Produtor) – No cinema desde 1967, Marcio Curi trabalhou na produção de 14 longas-metragens e de mais de 30 curtas-metragens. Entre os filmes produzidos por ele estão os premiados Louco por Cinema (André Luiz Oliveira), Filhas do Vento (Joel Zito Araújo), Araguaya – Conspiração do Silêncio (Ronaldo Duque), As Vidas de Maria (Renato Barbieri), Cascalho (Tuna Espinheira) e Romance do Vaqueiro Voador (Manfredo Caldas). Sua parceria com Mauro Giuntini começou no documentário Por Longos Dias (1999), o primeiro filme do diretor brasiliense e se estendeu por toda a carreira do autor de Simples Mortais. Foi montador e ator em Meteorango Kid – O Herói Intergaláctico (André Luiz Oliveira).

Di Moretti (Roteirista) – Professor de roteiro e consultor dos laboratórios de Roteiro – Sundance Institute e SESC Rio de Janeiro, Di Moretti é formado em rádio e televisão pela FAAP e em jornalismo pela PUC/SP. É autor do roteiro de filmes Nossa Vida Não Cabe em um Opala (Reinaldo Pinheiro), Latitude Zero (Toni Venturi), As Vidas de Maria (Renato Barbieri), Filhas do Vento (Joel Zito Araújo) e Cabra-Cega (Toni Venturi). Iniciou a parceira com Mauro Giuntini no curta-metragem O Perfumado. Conquistou prêmios de melhor roteiro no Festival de Brasília por Cabra-Cega e Latitude Zero. O roteiro de Nossa Vida Não Cabe em um Opala foi premiado nos festivais de Recife e do Ceará.

André Luís da Cunha (Diretor de fotografia) – Formado em cinema pela UnB, André Luís da Cunha dirigiu os curtas-metragens Dia de Visita, À Espera da Morte e Áporo. Assinou a direção de fotografia de dezenas de longas, médias e curtas-metragens. Entre eles, Barra 68 (Vladimir Carvalho), A Concepção (José Eduardo Belmonte), A Oitava Cor do Arco-Íris (Amauri Tangará), Subterrâneos (José Eduardo Belmonte), O Jardineiro do Tempo (Mauro Giuntini), Outros (Gustavo Spolidoro) e Sinistro (René Sampaio). Recebeu os candangos de melhor direção por Áporo e de melhor fotografia por Sinistro, Outros e O Perfumado (Mauro Giuntini). É sócio fundador da ABC (Associação Brasileira de Cinematografia). Foi presidente da ABCV (Associação Brasiliense de Cinema e Vídeo) e vice-presidente da ABD Nacional (Associação Brasileira de Documentaristas).

Willem Dias (Montagem) – Montador e editor de som, Willem Dias trabalha com cinema há 25 anos. Foi montador dos filmes de Beto Brant (Os Matadores, O Invasor e Crime Delicado), Toni Venturi (Cabra-Cega), Ricardo Elias (Os 12 Trabalhos), Evaldo Morcazel (Cinema dos Meus Olhos) e Reinaldo Pinheiro (Nossa Vida Não Cabe em um Opala). É responsável pela edição de som dos longas-metragens Lara (Ana Maria Magalhães) e Ação Entre Amigos (Beto Brant). Na estréia na montagem com Os Matadores, em 1997, conquistou o Kikito do Festival de Gramado.

Patrick de Jongh (Trilha Sonora) – Autor da trilha sonora de Simples Mortais, Patrick de Jongh trabalhou na abertura da trilha sonora do longa-metragem Resident Evil (Paul W.S Anderson) ao lado do astro Marilyn Manson e do trilheiro Marco Beltrami (Exterminador do Futuro III). Músico instrumentista e designer de som, Patrick de Jongh é formado em produção musical pelo Conservatório de Roterdam. É, também, especialista em Engenharia de Áudio no SAE de Londres e Los Angeles e na Universidade da Califórnia (Art and Craft of Orchestration for Film and Television).

Luís Jungmann Girafa (Direção de Arte) – Arquiteto, diretor de arte, roteirista e cineasta, Luís Jungmann Girafa assina a direção de arte de Simples Mortais. É um dos profissionais mais conhecidos do ramo no cinema brasiliense e de diretores de fora que escolhem o Distrito Federal para cenário de seus filmes. No seu currículo estão produções como Louco por Cinema (André Luiz Oliveira), Rua Seis sem Número (João Batista de Andrade) e Condenado à Liberdade (Emiliano Ribeiro). É diretor do curta-metragem Diário Vigiado, de 2004.

Beth Curi (Diretora de Produção) – Elisabeth Rose da Costa da Silva Curi é sócia-gerente da AsaCine Produções. Começou a trabalhar em cinema, em 1970, como assistente de produção e de montagem dos curtas Major Cosme de Farias – O Último Deus da Mitologia Baiana (Tuna Espinheira), Cachoeira, Documento da História (Olney São Paulo), Castro Alves (Emanuel Cavalcanti) e My Darling Clementina (Gal Varela). Atuou, também, na produção de A TV que Virou Estrela de Cinema (Yanko Del Pino), A Casa do Mestre André (Leo Sykes) e dos longas-metragens produzidos pela Asa Cinema e Vídeo: Romance do Vaqueiro Voador (Manfredo Caldas), Cascalho (Tuna Espinheira), Loucos por Cinema (André Luiz Oliveira) e Filhas do Vento (Joel Zito Araújo).

Dirceu Lustosa (Edição de Som e Design de Pós-Produção) – Dirigiu o primeiro curta-metragem, Depois do Escuro, em 1996, depois de ter estudado cinema na UCLA (Universidade da Califórnia). Em seguida, realizou Um Sonho de Ícaro, Afeto, Quem é? e Sob o Encanto da Luz. É dono da Quadro a Quadro Finalização, produtora com a qual presta serviços de pós-produção para filmes. Atua também como montador, editor de som, designer de produção e produtor. Com isso, trabalhou em 60 produções em todo o Brasil. Em Simples Mortais, além da edição de som, foi responsável pelo design da produção.

Serviço: Simples Mortais

Brasil, 2007, drama, 80 min, não recomendado para menores de 16 anos.

De Mauro Giuntini. Com Leonardo Medeiros, Chico Sant’Anna e Narciza Leão.

O filme entrelaça três histórias passadas em Brasília que falam sobre questões existencialistas e familiares.