A segunda semana de setembro é tempo de Slow Filme, o festival que conjuga cinema e gastronomia, em nome da sustentabilidade, do respeito à diversidade e à identidade dos povos. Slow Filme – Festival Internacional de Cinema, Alimentação e Cultura Local é único em seu perfil no Brasil e em 2018 chega à nona edição perguntando: cozinha tem gênero? O evento acontece no Cine Pireneus, em Pirenópolis, de 13 a 16 de setembro, com entrada franca.
Para o 9º Slow Filme estão programados 11 longas-metragens, quase todos inéditos nas telas brasileiras. Sob a curadoria do cineasta, professor e crítico Sérgio Moriconi estão títulos produzidos na Itália, França, Áustria, Portugal, Brasil, Austrália, República da Geórgia, Estados Unidos e Líbano. Será possível ver, em primeira mão, o premiado “Prime Meridien of Wine” (Meridiano do vinho), da diretora e atriz georgiana Nana Jorjadze, que mostra, de maneira divertida, o processo tradicional de produção de vinho na Geórgia – que ainda segue métodos de oito mil anos atrás. O filme conquistou prêmios em festivais na França, Estados Unidos e Espanha, entre outros.
A programação acontece de quinta a domingo e, além da projeção de filmes, terá conversas com realizadores e especialistas, oficina e degustações gratuitas.
O Festival
Criado pelas jornalistas e produtoras Gioconda Caputo e Carmem Moretzsohn, e pelo professor e crítico de cinema Sérgio Moriconi, Slow Filme tem por princípio usar a linguagem cinematográfica para refletir sobre questões da nossa contemporaneidade. Ao longo de oito edições, o festival já refletiu sobre temas fundamentais como o desperdício de alimentos, homogeneização x identidade cultural, a boa gastronomia e sustentabilidade. Em 2018 não será diferente.
Para a nona edição, o festival vai investigar a participação da mulher na gastronomia e refletir: por que pessoas que dominam as cozinhas e orçamentos domésticos encontram obstáculos para se afirmar como líderes de cozinhas profissionais? Três filmes irão abordar o tema da presença feminina no universo da gastronomia, a partir de diferentes aspectos. A produção francesa “À procura de mulheres chefs” registra a presença de mulheres que, nos quatro cantos do mundo, lideram cozinhas de prestigiados restaurantes, dão aulas e atuam como ativistas e sommeliers – o filme será apresentado por Ana Paula Jacques, professora do IFB – Instituto Federal de Brasília e idealizadora do food lab “Comida pra Pensar”.
Ainda com o tema cozinha e gênero, Slow Filme exibirá “Ama-san”, do Japão, sobre as mulheres que se dedicam ao mergulho no mar em apneia, para recolher moluscos, algas, pérolas que lhes garantem o sustento. E “Soufra”, coprodução Estados Unidos e Líbano, que apresenta uma empresa de food truck criada por mulheres num campo de refugiados ao sul de Beirute, oferecendo comidas tradicionais. O tema encantou a atriz Susan Sarandon, que se tornou coprodutora do filme.
O 9º Slow Filme também fará uma homenagem à Itália, país onde surgiu o Slow Food. Para começar, o filme que recupera a história do movimento e do homem que o criou será exibido logo na abertura do festival. “Slow Food Story” apresenta a vida e o pensamento de Carlo Petrini, que revolucionou a alimentação mundial. Outra produção italiana, “Sou eu que cozinho!” promove uma viagem pelos sabores da cozinha tradicional napolitana, através da atividade de cinco importantes chefs – o filme é uma produção do movimento Slow Food Napoli e será apresentado pela Conselheira Cultural da Embaixada da Itália, Alessandra Crimi. E “Lorello e Brunello” acompanha um ano na vida de dois irmãos agricultores da Toscana, mostrando as dificuldades que enfrentam com a ação das grandes corporações no mercado de alimentação. As exibições dessas três produções contam com o apoio da Embaixada da Itália.
No programa ainda estão títulos essenciais como o georgiano Meridiano do Vinho, sobre a produção de vinhos na Geórgia – país onde estudiosos dizem ter começado a produção de vinho no mundo, há mais de oito mil anos. O filme será apresentado pelo embaixador da Geórgia no Brasil, Otar Berdzenishvili. O austríaco “A mentira verde” desmascara a atividade de empresas que se dizem sustentáveis, mostrando como ludibriam as leis e os consumidores mundo afora – o filme será apresentado pelos produtores Markus Pauser e Elise Lein, que virão ao Brasil especialmente para participar do Slow Filme. O francês “A busca do chef Ducasse” acompanha dois anos da vida do grande chef que está em permanente atividade e criação – tendo conquistado três estrelas (a cotação máxima) do Michelin, Ducasse acredita no aprendizado constante. A produção brasileira “Atum, Farofa & Spaguetti” faz um convite a uma viagem pela riqueza e variedade da gastronomia nacional, através da vida de três chefs. E o australiano “Churrasco” mostra como essa comida se espalhou pelo mundo, transformando-se num ritual que une as pessoas.
Além das exibições, o festival promoverá a oficina “Comida e gênero: uma experiência sensorial”, ministrada pela antropóloga Kátia Karam e pela comunicóloga Heliane Carvalho, com a proposta de refletir sobre o papel das mulheres na produção de alimentos, trabalhando a memória afetiva. No domingo, teremos um almoço especial no Restaurante Montserrat. O chef Juan Pratginestós criou um menu especial para homenagear o Slow Food e o Festival Slow Filme.
Programação
Quinta, 13 de setembro
19h – Abertura oficial – Slow Food Story (74min)
Sessão seguida de degustação de cervejas artesanais, gentilmente cedidas pela marca Santa Dica
Sexta, 14 de setembro
16h – Ama-San (110min)
18h30 – À procura de mulheres chefs (90min)
20h30 – Meridiano do vinho (60min)
Sessão seguida de degustação de vinhos georgianos, gentilmente oferecidos pela Embaixada da Geórgia no Brasil
Sábado, 15 de setembro
15h – Lorello e Brunello (85min)
16h30 – A Mentira Verde (97min)
19h – Soufra (73min)
20h30 – Sou eu que cozinho! (54min)
Sessão seguida de degustação de vinhos e petiscos italianos, gentilmente oferecidos pela Embaixada da Itália
Domingo, 16 de setembro
15h – A busca do chef Ducasse (84min)
16h30 – Atum, Farofa & Spaguetti (95min)
18h30 – Churrasco (102min)
Atividade Extra
Oficina “Comida e Gênero: uma experiência sensorial”
Ministrada pela antropóloga Kátia Karam e pela comunicóloga Heliane Carvalho
A proposta é refletir sobre o papel das mulheres na produção de alimentos, trabalhando a memória afetiva. Durante muitos anos, Kátia Karam foi representante do Convivium do Slow Food em Pirenópolis e Heliane Carvalho atuou em projetos de agricultura familiar e agroecologia. Elas prometem colocar um foco o assunto que foi tema da tese de mestrado de Kátia (“Entre Cozinhas e Quitandas: Patrimônio e Globalização em Pirenópolis”), voltada para a atividade de mulheres quitandeiras da região, que sustentam suas famílias, produzindo delícias inspiradas nas receitas tradicionais aprendidas nas cozinhas de casa.
Data: 15 de setembro
Local: Cine Pireneus
Horário: 10h
Vagas limitadas: 25 pessoas
Inscrições: katia_karam@hotmail.com / helianebcarvalho@gmail.com
Slow é comida de nonna aos domingos
Almoço especial no Restaurante Montserrat. O chef Juan Pratginestós concebeu um cardápio inspirado na homenagem que o 9º SLOW FILME presta à Itália e oferece comida com alma e tempero das avós italianas. O cardápio especial inclui, como entrada, uma Zuppa di zucchine fredda (sopa fria de abobrinha); para o Prato Principal, Penne con salsa di pomodoro e salsiccia piccante (penne ao molho de tomate e linguiça picante); e para a Sobremesa, Gelato Romeo e Giulietta (sorvete de goiabada e queijadinha).
Data: 16 de setembro
Local: Restaurante Montserrat (Rua Ramalhuda, nº 11)
Horário: a partir das 12h
Preço: R$ 65,00
Telefone: (62) 99688.2628
9º Slow Filme – Festival Internacional de Cinema, Alimentação e Cultura Local
Data: 13 a 16 de setembro
Local: Cine Pireneus (Rua Direita, Pirenópolis, Goiás)
Informações: (61) 3443.8891 e (61) 3242.9805