49º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro promove sessões especiais fora da competição.

De 20 a 27 de setembro.

Beduíno, de Júlio Bressane.
Beduíno, de Júlio Bressane.

O 49º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro vai promover sessões especiais hors concours, além da programação oficial das mostras competitivas. O destaque fica por conta de Beduíno, novo trabalho de Júlio Bressane, um dos mais importantes e ativos diretores do cinema brasileiro desde os anos 60. Além desse verdadeiro mestre, outras duas sessões serão dedicadas a um tema urgente na atual conjuntura da sociedade brasileira: as relações e conflitos entre os gêneros, numa sociedade que ainda busca uma condição mais igualitária e justa entre homens e mulheres.

Beduino fará sua estreia mundial em agosto dentro do prestigioso Festival de Locarno, e em Brasília terá sua primeira exibição no Brasil. A película desafia fronteiras entre o sonho, o real e o imaginário, exibindo o desejo de mapeamento das sensações humanas através da música, da imagem, da letra e de outras manifestações artísticas. Segundo explica o próprio diretor, é um filme que se inscreve na realidade, mas de um real que se sustenta também pelo que é imaginado. Como protagonistas estão Alessandra Negrini e Fernando Eiras.

Precisamos falar de assédio. Divulgação.
Precisamos falar de assédio. Divulgação.

As outras duas sessões hors concours exibem dois documentários que se aproximam bastante frontalmente dos discursos e experiências em torno das relações entre homens e mulheres: são o pernambucano Câmara de Espelhos, de Dea Ferraz, e a produção paulista Precisamos falar do assédio, de Paula Sacchetta. Os filmes serão exibidos em sessões especiais no mesmo dia no Cine Brasília, e no dia seguinte haverá um seminário, “Diálogos de Cinema”, sobre questões de gênero e representação cinematográfica, partindo do diálogo e das proposições fílmicas das duas diretoras.

Câmara de Espelhos.
Câmara de Espelhos.

Câmara de Espelhos busca lançar luz sobre o chamado “male gaze” (o olhar masculino que constrói uma identidade para as mulheres), além de explicitar o papel do cinema na construção das identidades de gênero. A diretora propõe a um grupo de homens, fechados num estúdio, que discutam diferentes temas, os quais abordam, de várias maneiras, a presença e os papeis exercidos pela mulher na sociedade. Já Precisamos falar do assédio trabalha com a dinâmica de dar voz às mulheres para que estas possam falar de episódios que explicitem relacionamentos abusivos. Assim como no filme pernambucano, o dispositivo usado busca isolar as participantes, aqui individualmente, dentro de uma van estacionada em diferentes pontos de São Paulo e do Rio de Janeiro. Em ambos os casos, a situação de isolamento permite um clima de intimidade do qual emergem poderosas revelações, seja pelo discurso auto-expositivo de uns ou pelas duras lembranças íntimas das outras. Duas experiências sensoriais fortes que buscam revelar mais sobre a sociedade em que vivemos, e como homens e mulheres enfrentam condições distintas dentro dela.