Mostra Adinkra de Cinema Afro Amazônico ocupa a Caixa Cultural com entrada franca

27 e 28 de fevereiro.

Alexandrina, o relâmpago. Foto: João Paulo Machado.

O cinema produzido nos estados do Amazonas, Amapá, Mato Grosso, Pará e Roraima está na Mostra Adinkra de Cinema Afro Amazônico, que ocupa a Caixa Cultural nos dias 27 e 28 de fevereiro, com entrada franca. Temas como ancestralidade, feminino, luta e imaginário na confluência África-Amazônia com diferentes olhares de diretores da região.

A história que fica – Mulheres construindo uma narrativa marajoara_Dir. Gyselle Kolwalsk_Marajó (PA) 2021.

A abertura (27) conta com a presença dos produtores, distribuição de colares com os símbolos Adinkra, mudas de plantas consideradas sagradas e ainda a degustação de comidas paraenses. No dia 28, a programação será traduzida em Libras.

Após os filmes, o espaço Mate Masie (“Nyansa bun mu nne mate masie” traduzido como ‘o que eu ouço, eu guardo’), criado especialmente para o evento, vai abrigar as rodadas de bate papo que encerram a programação de cada noite. No dia 27, o tema ‘Cinema de impacto na Amazônia’ será abordado pelo cineasta Rodrigo Antônio. No dia 28, o músico ganês Francis Angmortey vai falar sobre a ‘Cultura Ganesa dos Akan e os Adinkras’.

Meus santos saúdam teus santos, de Rodrigo Antonio (PA).

Os Adinkras são símbolos que representam um  sistema de escrita pictográfica criado pelo povo Akan, do Oeste da África, responsáveis por preservar e transmitir valores fundamentais ligados à cultura africana.

A mostra é composta por oito curta-metragens de diretoras e diretores do Amazonas, Amapá, Mato Grosso, Pará e Roraima, em sessões nomeadas pelos Adinkras Sankofa (buscar o passado para construir o futuro), Ananse (criatividade e sabedoria), Duafe (feminino) e Aya (resistência e desenvoltura).

Utopia, de Rayane Penha (AP).

Idealizada pela Produtora Paraense Cine Diáspora, dos sócios Rafael Nzinga e Lu Peixe, a mostra estreou em Belém/PA, circulou pela Caixa em Salvador, e  chega a Brasília com a expectativa de atrair, além do público em geral, migrantes da região Norte.

“Brasília tem gente de todo o Brasil. Como sabemos que muitas pessoas amazônidas também moram e trabalham na cidade, estamos ansiosos para promover este encontro”, diz Lu Peixe que também assina a curadoria dos filmes.

Ela conta que optou por obras que abordam experiências e modos de viver e fazer do povo amazônida sob sua própria ótica, priorizando filmes que não participaram das outras duas mostras. “Estamos acostumados a ver a grande mídia nos tratar com estereótipos, mostrando histórias que não são contadas por nós ”, diz Lu.

De acordo com Rafael Nzinga a Mostra Adinkra de Cinema Afro Amazônico é uma oportunidade de destacar as narrativas da região. “Para nós, trazer para a capital do país a visão de cineastas negros sobre a preservação da Amazônia é um passo muito importante para mostrar que a região não é só formada pela floresta. Ela é também construída por povos e culturas tradicionais, comunidades quilombolas, pessoas pretas e periféricas que aqui vivem com uma rica cultura que precisa ser preservada para que a floresta continue de pé”, afirma.

Velhice Ilumina o Vento – Juliana Segóvia (MT).

Programação:

27 de fevereiro

19h
Sessão Duafe
A busca pelo asseio, bondade, amor, cuidado, objeto de adorno desejado pelas mulheres Akan, a sessão Duafe conecta o público com o feminino amazônico.
Filmes:
Alexandrina – Um Relâmpago, de Keila Sankofa (AM)
A Velhice Ilumina o Vento – Juliana Segóvia (MT)

19h30
Sessão Sankofa
Se wo were fi na wo sankofa a yenkyi – “Retornar ao passado para ressignificar o presente e construir o futuro”. A sessão Sankofa traz filmes que retornam ao passado, para ressignificar o presente e construir o futuro.
Filmes
Meus santos saúdam teus santos, de Rodrigo Antonio (PA)
Utopia, de Rayane Penha (AP)

20h
Mate Masie  (Bate-papo com realizadores)
Cinema de impacto na defesa da floresta Amazônica

Rodrigo Antônio, diretor do filme ‘Meus santos saúdam teus santos’ fala sobre o desafio de mudar o pensamento sobre as representações da Amazônia a partir da linguagem audiovisual.

Nome sujo, de Artur Roraimana (RR)

28 de fevereiro

19h
Sessão Ananse  – Filmes em libras
Mensageira suprema, dona de todas as histórias, símbolo da sabedoria, criatividade, engenho e complexidades da vida. A sessão Ananse é alimentada pelo imaginário de realizadores Afro Amazônicos.
Filmes:
Nome sujo, de Artur Roraimana (RR)
Minguante, de Maurício Moraes (PA)

19h30
Sessão Aya – Filmes em libras
Mensuro wo – “Não tenho medo de você”. “Sou independente de você”. A sessão Aya mostra a resistência, desafio contra as dificuldades, perseverança, independência e desenvoltura no cinema Afro Amazônico.
Filmes:
Não quero mais sentir medo, de André dos Santos (PA)
Maria, de Elen Linth e Riane Nascimento (AM)

20h
Mate Masie
Os Adinkras e a cultura Akan – tradução simultânea em libras

Francis Angmortey aborda os Adinkras e a cultura Akan na perspectiva da mostra e sua relação com os filmes exibidos.

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