Magno Assis e Renato Acha
João de Santo Cristo (Fabricio Boliveira) conhece Maria Lúcia (Isis Valverde) em fuga da polícia e daí se inicia uma trama repleta de emoção, que ganha mais força com as locações que nos remetem à história não oficial da cidade, a partir de um patrimônio imaterial que é Renato Russo, roteirista da música levada às telas com maestria e liberdade pelo diretor René Sampaio.
Boliveira vive um papel recorrente no cinema brasileiro, em uma atuação digna de nota, onde segura o filme até o último suspiro ao lado de Maria Lúcia. Felipe Abib no papel Jeremias desperta toda a fúria neste triângulo amoroso.
O roteiro se identifica com uma história familiar ao ser brasiliense e por que não dizer do ser brasileiro. Lá estão o nordestino, o senador poderoso, o traficante playboy e o elo de toda esta história de amor, Maria Lúcia, que seguiu à risca o script da música “Maria Lúcia se arrependeu depois e morreu junto com João, seu protetor.” Frase ícone, presente do início ao fim, como um ciclo em que a vida imita a arte.
“Em frente ao lote 14”, escrito em um monte de cocaína. Assim foi marcado o encontro final, em clima de western candango. Faroeste Caboclo contempla uma faixa de filmes que revelam a cultura uma cultura brasiliense miscigenada, lugar onde poesia, arquitetura, modo de vida, e belos riffs de guitarra são como encontros do destino. Que venha “Eduardo e Mônica”! Como dizia Renato Russo: “Urbana Legio Omnia Vincit” (A Legião Urbana a tudo vence).